Um dicionário que traduz todo o universo e a cultura surf, indo desde as gírias e expressões usadas pelos surfistas, até as manobras, os equipamentos utilizados, as principais ondas e os termos técnicos. Também inclui os pioneiros, alguns campeões e a história do surf no Brasil e no mundo. Assim é o “Dicionário do Surf – A Língua das Ondas”, de autoria do poeta e jornalista Fernando Alexandre e da ilustradora e artista gráfica Andrea Ramos e editado pela Cobra Coralina Edições.
Indispensável para quem dropa, cava, bate, rasga e põe pra dentro.
Onde encontrar
Diretamente com a Editora: cobra.coralina@ig.com.br Ou nas livrarias: Livrarias Catarinense Livros & Livros Livraria Saraiva Casa da Alfândega E bancas de Revista
"Vá. Tire as roupas que são incômodas neste clima quente. Entre no mar e lute com ele; voe com as asas em seus tornozelos, com sua habilidade e com a força que reside em você; capture as ondas, dome-as e cavalgue-as, como um rei deve fazer". (Jack London, escritor, em "A Travessia do Snark", 1911).
A lingua das ondas (texto do autor)
Descobri a língua das ondas nos anos 60, em Maceió. Morava na praia e todos os dias pegava ondas em pequenas pranchas. Eram tábuas com cerca de 40 cm de largura e no máximo um metro de comprimento. Não se chamava surf. O que fazia era “pegar expresso”, deitado em uma tábua de bico arredondado. Quando as ondas sumiam ou demoravam a aparecer, ficávamos – eu e a turma - lá fora, boiando e gritando todos ao mesmo tempo uma frase infalível: “Macaco, sua mãe morreu!” Não me perguntem porque nem o que esta frase significava ou o que significa. O fato é que sempre entrava uma nova série de ondas. Todos da turma sabiam disso: era só gritar com vontade e fé a frase mágica que o mar nos escutava e mandava ondas para deslizarmos até a praia. Muitos anos e algumas praias depois voltei a reencontrar o mar e seus homens na Ilha de Santa Catarina. E também o falar e os falares destes que vivem com o mar, no mar, do mar e para o mar. Além dos moradores das praias e dos pescadores, descobri – ou reencontrei – a turma das ondas. Só que desta vez eles eram bem mais numerosos, aos milhares, e não apenas deslizavam deitados nas ondas. Agora eles tinham pés alados, usavam pranchas bem maiores que as nossas e voavam nas ondas e sobre elas. E estavam em quase todo o mundo. É bem verdade que quase ninguém mais avisa ao macaco que a mãe dele morreu, como também é verdade que existe toda uma outra forma de olhar o mar, de respeitá-lo, de domá-lo e de interagir com ele. Hoje sabemos que o surf é muito mais que o ato de deslizar sobre as ondas ou um esporte milionário. É um modo de vida. Uma maneira de encarar o mundo e de se relacionar com ele. Uma cultura. Uma cultura com história e com uma origem distante e ainda imprecisa na África Ocidental ou mesmo no Peru, na América Latina. Mas seguramente com fortes raízes fincadas – ou mergulhadas – no triângulo polinésio, principalmente no Hawaíi, onde cresceu e se desenvolveu. E de onde ressuscitou e ressurgiu para o resto do mundo a partir do começo do século passado. Surfistas de todo o mundo se entendem e se comunicam hoje através de uma linguagem muito própria, seja na maneira de se vestir, de se comportar, ou mesmo de falar. Obviamente que com suas diferenças lingüisticas e regionais. Foi para entender esta cultura e traduzir a linguagem desta tribo que comecei há cerca de 5 anos a dropar esta onda. Uma onda enorme de palavras e significados, uma verdadeira morra cracuda Este não é um dicionário que vá traduzir um idioma ou mesmo um dialeto. Ele é um dicionário temático. Tendo o surf como tema, ele tenta – através de verbetes – mostrar toda a dimensão do universo do surf e suas derivações do ponto de vista de um brasileiro. É um dicionário do surf em português e para brasileiros. É um dicionário que tenta mostrar e traduzir não só as gírias e falares dos surfistas na água ou nas praias, mas também os termos técnicos de manobras e equipamentos – quase sempre em inglês – utilizados praticamente em todo o mundo. E conta ainda um pouco da fascinante história desta forma de viver chamada surf, de Duke Kahanamoku a Kelly Slater, passando pelos pioneiros das ondas no Brasil e por aqueles que fizeram e fazem esta história até hoje.